sábado, 30 de julho de 2011

Aulas adaptadas para...deficientes visuais!!! -PARTE 2

Por: Débora Rossini


Valeu a pena esperar!!!! Tá aí a tãããão aguardada continuação do post "Aulas Adaptadas para... deficientes visuais- Parte 1"!!!!

Esta "parte 2" tem como público-alvo o estudante com cegueira ou baixa visão, dando dicas para ele, digamos, ajudar o professor a ajudá-lo!

"Uê, mas 'péra' aí... pelo que eu já andei lendo e ouvindo, é obrigação da instituição de ensino dar TODAS as condições para que o estudante com necessidades especiais consiga se matricular, estudar e tirar boas notas!" - certamente você, leitor do "Sopa", está pensando...

É, de fato a legislação determina isto!!!! No entanto, na prática, aqui no Brasil, há um loooongo caminho para que o que está na lei seja finalmente cumprido! Infelizmente, sempre tem aquela história de "falta capacitação dos professores e funcionários...", "falta material didático...", "falta isto, falta aquilo...". AAAAFFFFFFF!!!! :-(

Então, o negócio é o seguinte: enquanto tal reestruturação OBRIGATÓRIA dos estabelecimentos de ensino não se completa, de forma a atender plenamente às necessidades especiais de estudantes que porventura se matriculem neles, o "Sopa" dá algumas dicas para você, que é estudante universitário com visão pouco (ou nada) potente, a encarar "de boa" a volta as aulas!!!!

(Obs: se você que está lendo isto é pai ou mãe de uma criança ou jovem que é cego ou com visão subnormal, fique à vontade... você também faz parte do público-alvo deste texto! Isto porque, dependendo da idade do estudante, ele ainda não tem maturidade para trocar ideias com o professor sobre a sua deficiência; logo, cabe aos pais tal tarefa! Aí é só adaptar as dicas que se seguem , de acordo com a idade, maturidade e escolaridade do estudante, ok?)


Bom, vamos lá as dicas? Elas foram testadas e aprovadas por uma estudante universitária que já foi deficiente visual. Então, se você possui problemas com a potência visual, leia ou ouça as dicas abaixo, e... mande ver! :-)


1) Se possível, antes do primeiro dia de aula, informe-se na secretaria quem será o professor de cada disciplina. Peça, então, permissão para conversar em particular com ele e explique seu problema de vista, bem como as habilidades necessárias que você já possui - em termos de domínio de Braille, de tecnologias computacionais assistivas, de estudar usando os sentidos remanescentes, etc.

2) Sempre que possível, leia blogs e sites da área de Educação Especial que falem sobre metodologias de ensino para deficientes visuais!!! É claro que, por lei, o professor já tem de ter recebido a capacitação para lidar com estudantes como você; mas, levando em conta a realidade brasileira... não custa nada você estar antenado também,não é? Assim, TROQUE ideias com seu professor, para AMBOS chegarem a soluções de como ensinar e aprender a matéria, não é mesmo? Vai ser uma experiência enriquecedora para ambos os lados, rerrerré!!!!! O ideal seria que a lei fosse cumprida - ou seja, que o professor já tivesse tal capacitação, deixando ao aluno apenas a tarefa propriamente dita de estudar; mas, enquanto tal processo de capacitação docente não atinge o ponto ideal, tente "correr atrás" , contornando o problema ajudando o professor...! (Dica testada por uma deficiente visual na universidade, e que funcionou!)

3)Troque ideias com outros estudantes com deficiência visual que porventura também estudem na sua universidade! Vale ressaltar que é de extrema importância vocês se unirem, mesmo que sejam de cursos diferentes! Dessa forma, se sua faculdade ou universidade ainda não atingiu todos os quesitos de acessibilidade, um grupo de deficientes visuais (ao contrário de indivíduos isolados) terá muito mais força, poder de argumentação e exposição de ideias para que as mudanças positivas sejam cumpridas... afinal, a lei de acessibilidade está aí para ser cumprida, não é mesmo? Além disso, é uma ótima oportunidade de trocarem ideias... olha que legal: um descobre uma novidade, ou um novo jeitão de estudar esta ou aquela matéria, e aí passa pro outro! :-)

4)Veja se na sua instituição de ensino já possui um órgão específico para tratar dos assuntos relacionados à inclusão dos alunos com deficiência! Em caso negativo, é hora de mobilizar a comunidade acadêmica para que seja criado tal órgão!

5) Esteja sempre, mas sempre mesmo, informado dos direitos e deveres de um aluno com necessidades especiais. Procure conhecer a legislação que trata disso no ambiente acadêmico - e , sempre que algo não for cumprido, corra atrás de seus direitos!



Seguem-se também alguns "toques" para facilitar a interação com as pessoas - sejam eles colegas, funcionários, professores, etc:


1) É comum que, a princípio, as pessoas fiquem meio "sem graça" de aproximar de um cego ou pessoa com visão subnormal. Que tal virar o jogo, a fim de fazer amigos? Puxe papo! Se você aceita bem suas limitações visuais, vale arriscar fazer até algumas piadas bem-humoradas a respeito de sua deficiência visual e do seu jeito peculiar de explorar o mundo... rerrerré! Aos poucos, as pessoas irão vendo que você é um cara (ou uma garota) com senso de humor, e que dá para ser amigo(a) deles normalmente! E se você for tímido, taí uma oportunidade para você se "soltar" mais... afinal, a comunicação é algo que tem de ser desenvolvido para a "sobrevivência na vida acadêmica", não é mesmo? Então, "mande ver"! É claro que , dependendo do local onde você habita e estuda, diferenças de culturas podem interferir na maior ou menor sociabilidade e até mesmo no grau de preconceito que os "ditos normais" possuem em relação à galera que não enxerga! Mas não desanime: você uma hora consegue! :-)


Importante: Claro que há pessoas que têm uma certa dificuldade para lidar com a própria deficiência - o que dificulta a implementação da dica acima. Se esse for seu caso, que tal aproveitar a oportunidade e buscar uma "força" com algum profissional capacitado para isto? Com certeza, à medida que você desenvolve habilidades de aceitar melhor sua deficiência, fica menos árduo lidar com ela! ;-) Veja se na sua universidade há algum serviço de orientação educacional, psicológica, ou algo semelhante! Várias oferecem tal serviço de forma gratuita ou com preços subsidiados, abaixo do que normalmente é cobrado nos consultórios. Aproveite!

2) Sempre procure tranquilizar o professor, mostrando que você PODE fazer algo numa aula prática- a não ser que a atividade proposta seja de alto risco (como certas aulas práticas de Química, por exemplo, ou atividades impossíveis para um cego, como um exercício prático de Computação Gráfica)... Primeiro, procure informar-se com o professor previamente sobre a atividade a ser feita (muitos não se importam de fornecer o roteiro da aula prática alguns dias antes). No caso da atividade ser em grupo, pense no que uma pessoa com pouca ou nenhuma "potência visual" pode fazer, pra contribuir com a equipe. Assim sendo, enquanto os colegas de equipe encarregam-se das tarefas dadas como "visuais" - ex: manipular instrumentos e reagentes perigosos, utilizar softwares cuja interface não é lida totalmente pelo leitor de telas, etc, você pode realizar tarefas tais como fazer cálculos, ajudar na montagem de alguns equipamentos de baixo risco (de acordo, claro, com sua desenvoltura em trabalhos manuais), tomar notas à medida que um experimento vai sendo executado, ajudar na elaboração de relatórios, etc. E, assim sendo, mãos à obra! Já foi percebido em diversos casos que, à medida em que o professor sente-se mais seguro ao lidar com um deficiente visual, o intercâmbio de ideias entre professor e aluno flui mais facilmente, o que favorece tanto o trabalho do professor quanto o desempenho acadêmico do estudante.


E então...? Agora, não tem desculpa para prolongar suas férias: "bóra" estudar!!!!!! Rerrerré!!!

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